Aprender inglês não é apenas acumular palavras ou decorar regras. É um processo evolutivo, enraizado no funcionamento do nosso cérebro, que passa por etapas bem definidas até a linguagem se tornar automática.
Esse processo é conhecido em psicologia da aprendizagem como os “quatro estágios de competência” (Howell, 1982), e aplicado à aquisição de línguas, ele revela exatamente por que algumas pessoas avançam até a fluência e outras ficam presas para sempre na “Cursolândia”.


Fase 1 – Incapacidade Inconsciente (Unconscious Incompetence)

Nesta fase, a pessoa não fala inglês e não tem clareza sobre sua incapacidade.
Não enxerga o quanto está longe ou perto da fluência, nem o impacto que isso tem em sua vida.

Exemplo de pensamento nesta fase:

“I don’t speak English… but I don’t really need it.”
“Eu não falo inglês… mas eu também não preciso disso, né?”

O problema é que, sem perceber, ela perde oportunidades diariamente.
Pesquisas de Krashen (1982, Second Language Acquisition and Second Language Learning) já mostravam que a falta de motivação clara é uma das maiores barreiras no aprendizado de línguas.


Fase 2 – Incapacidade Consciente (Conscious Incompetence)

Aqui acontece o despertar: você percebe que precisa do inglês e que é capaz de aprender.
É o momento em que entende que a fluência pode abrir portas profissionais, acadêmicas e pessoais.

Exemplo de pensamento nesta fase:

“I know I need English… but I don’t know how to get there.”
“Eu sei que preciso do inglês… mas eu não sei como chegar lá.”

⚠️ O perigo: é nessa fase que muita gente cai na Cursolândia, presa em métodos que não respeitam o funcionamento do cérebro: gramática decorada antes da hora, excesso de tradução e foco em listas intermináveis de vocabulário.

📌 Insight neurocientífico:
Segundo Patricia Kuhl (2010, Science), a linguagem só é consolidada quando o cérebro cria conexões duradouras entre as áreas de Broca (produção da fala) e Wernicke (compreensão). Métodos que não ativam essas áreas de forma natural travam o processo.


Fase 3 – Capacidade Consciente (Conscious Competence)

É aqui que os Fast Movers se destravam.
Você já consegue formar frases, entender diálogos e até conversar — mas ainda precisa pensar.

Exemplo de situação nesta fase:

“Wait… let me think before I answer.”
“Espera… deixa eu pensar antes de responder.”

Essa fase exige esforço consciente: você usa técnicas, pratica, erra, corrige. É como aprender a dirigir: no início você precisa lembrar de trocar a marcha, pisar na embreagem, dar a seta.

📌 Exemplo prático:
Ao ouvir “What time does the meeting start?” (“Que horas a reunião começa?”), você precisa pausar, traduzir mentalmente, montar a resposta e só então dizer “It starts at 9 a.m.” (“Começa às 9 da manhã.”).

Por que muitos desistem aqui?
Porque não entendem que esse esforço é natural. O cérebro está, neste momento, transferindo informações da memória declarativa (explícita) para a memória procedimental (implícita) (DeKeyser, 2007).
Sem essa consciência, o aluno se frustra e volta para a fase 2.


Fase 4 – Capacidade Inconsciente (Unconscious Competence)

Este é o destino final da jornada: a fluência automática.
Aqui você não pensa mais para falar. Não traduz. Não trava.

Exemplo de pensamento nesta fase:

“Speaking English feels just like speaking Portuguese.”
“Falar inglês é tão natural quanto falar português.”

O inglês já está implementado neurologicamente: as áreas de Broca e Wernicke trabalham em sincronia, e a comunicação se torna natural.
Você entende diferentes sotaques, responde de imediato e consegue alternar entre os idiomas sem esforço.

📌 Exemplo prático:
Durante uma reunião internacional, alguém pergunta: “Can you share your opinion on this?” (“Você pode compartilhar sua opinião sobre isso?”).
Você responde automaticamente: “Sure, I believe we should…” (“Claro, eu acredito que nós deveríamos…”).

Aqui, você já não traduz mais — o inglês já faz parte de você.


Áreas de Broca e Wernicke: o motor da fluência

Para entender a fundo o ciclo, é importante conhecer essas duas áreas cerebrais:

  • Área de Broca (localizada no lobo frontal, geralmente no hemisfério esquerdo): responsável pela produção da fala. É o “motor” que organiza e articula as palavras.
  • Área de Wernicke (no lobo temporal, hemisfério esquerdo): responsável pela compreensão da linguagem. É o que permite entender frases, contextos e significados.

📌 Quando você aprende inglês de forma natural e progressiva, essas duas áreas começam a trabalhar juntas — formando conexões que permitem compreender e falar sem esforço.
📌 Mas quando o processo é interrompido (com excesso de gramática precoce ou métodos que não respeitam o cérebro), essa integração não acontece. Resultado: o aluno trava, traduz, esquece palavras.

Segundo Ullman (2004), é justamente essa transição — da memória declarativa para a procedimental — que marca a verdadeira fluência.


Por que entender o ciclo é essencial?

Quem não conhece esse processo fica preso na fase 2 — eternamente tentando, mas sem avançar.
Quem entende, respeita o funcionamento do cérebro e utiliza técnicas baseadas em neurolinguística (como a abordagem lexical e a prática espaçada), consegue acelerar a transição até a fase 4.

E é exatamente isso que faço com meus alunos: ensino a respeitar a ordem natural do cérebro, para que o inglês deixe de ser esforço e se torne parte da sua identidade.


Referências bibliográficas

  • Krashen, S. D. (1982). Principles and Practice in Second Language Acquisition.
  • Howell, W. C. (1982). The four stages of competence.
  • DeKeyser, R. (2007). Practice in a second language: Perspectives from applied linguistics and cognitive psychology.
  • Ullman, M. T. (2004). Contributions of memory circuits to language: The declarative/procedural model. Cognition, 92(1–2).
  • Kuhl, P. K. (2010). Brain mechanisms in early language acquisition. Neuron, 67(5).

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